segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Black Friday




O Black Friday já se tornou uma tradição no Brasil e o Clube de Autores com Jorge Barboza não poderiam ficar de fora, né? Pois de 21/11 até 28/11 todos os livros impressos do Clube serão vendidos com até 40% de desconto!

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domingo, 20 de novembro de 2016

Regiane

Hoje eu acordei com fome e lembrei de uma das minhas melhores amigas da vida:  Regiane.
Ela apareceu em minha vida como uma Pocahontas com “as cores do vento” e acabou se tornando uma Mulan: “a flor que desabrocha na adversidade é mais rara e bela de todas”.
Muitas vezes precisamos ter uma vida dupla, uma renda dupla, um trabalho duplo e, por isso, enquanto estudava na escola normal e fazia curso no SENAI, fazia uns bicos de garçom e animador em festas infantis. Era um tempo em que não existiam escolas de teatro ou de artes para desprovidos de berço de ouro ou pequenas fortunas.
Na nossa juventude, Regiane sempre pareceu obtusa e eu era muito elétrico. Ela era uma grande maquiadora na leveza de pincéis, na pintura com seu domínio preciso ninja, uma cultura japonesa adquirida em Aichi, Gifu, Gunma, Ibaraki, Mie, Nagano, Kanagawa, Saitama, Shiga ou Shizuoka.
Em 1998, dançamos “Macarena” depois do show da virada.
Ela sempre conduziu muito bem as coisas como seu carro: um chevette preto que era pra mim um mustangue bravio e selvagem...
Nunca comemos comida japonesa juntos, mas assistimos muitos desenhos japoneses, ela não come carne vermelha, mas sempre fizemos boas refeições e assistimos bons filmes independente do sol, da chuva, do vento...
Passamos por muitas mudanças de moeda e de economia entre pizzas, esfihas, churrascos, jogos, séries, filmes, arroz temperados, macarrão, comidas da Dona Alzira, sua mãe...
Um bom sinônimo pra Regiane é Hinode: o primeiro raio de sol do primeiro dia do ano. Renovação. Renascimento. Suzaku. Fênix...
Nossa amizade é um grande piquenique cheio de doces, salgados, quentinhos, frescos, saudáveis, essenciais, novos amigos, velhos conhecidos, familiares, formigas... Tudo é uma boa desculpa pra altos papos e comidas maravilhosas...
Regiane nunca deixou a arte e a arte, por sua vez, nunca deixou a Re, assim como eu...




Jorge Barboza


Colunista Social. Escritor. Revisor.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Os Paranormais e suas Filosofias



Não perca, hoje quinta-feira às 23hs30, o primeiro episódio de quatro de 
"Os Paranormais e suas Filosofias" com nosso amigo Elias Luiz Bispo IV, Luciá Küma e Val Silva
com apresentação de Markko Mendes.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Morada Final

Não lembro onde e nem como foi o velório de minha vó Lourdes. Não fui no velório de minha vó Isabel. Não gosto de ver entes queridos no caixão, vê-los assim pela última vez é ter uma lembrança incomoda que aos pouco torna esmorecidos, devagar e pra sempre dentro de mim...
Já era tarde quando o jornalismo anunciou que houve uma explosão no cemitério da saudade: Imensa nuvem de poeira substituiu a paz da morada final, não houve feridos...
Desliguei a televisão e na minha mente surgiu um devaneio, um cheiro doce, acho que foi um cálice de vinho verde que embriagou minha boca, minha cabeça, meu sangue, minha alma...
No meu devaneio, Dona Morte sempre estava ao meu lado esquerdo, traje preto longo, foice escura, pálida, estava indignada com tamanho sacrilégio, seu queixo caiu imensamente e seus olhos não paravam em suas orbitas, lágrimas corriam como rios para o mar e sua boca secou como nozes.
Ela apanhou na mesa de centro da sala o primeiro copo que viu e virou de uma só vez, não respirou, não respirava, pensava em levantar, fugir, correr, gritar... Finalmente virou-se para mim e disse sem fechar os olhos:
- Antigamente eu passeava no cemitério ricamente adornado de ouro e pedras preciosas, esculturas de deuses, flores, pássaros e plantas enfeitavam tudo na morada final. O vale dos enterrados era um lugar sagrado. Lia pensamentos carinhosos dos vivos, apelos aos santos, ouvia o vento ou um silêncio que não era mórbido. Meus pensamentos mais sublimes ou convexos podiam ser tocados como uvas em baixa parreira com dedos inaptos. Que desgraça se abalou em mim? Que desgraça terei que sofrer no meu castelo de cartas marcadas? Porque explodiram os vasos, as esculturas, as plantas, os túmulos, os ossos... O que será de meus filhos?
A Morte olhou para mim entre soluços e caiu pra trás na poltrona, queria tirar forças do chão e do teto branco, olhava agora o teto de gesso branco, vacilava em si, eu senti imensa pena de vê-la assim. A vida não para...
De repente o cheiro doce sumiu, partiu, Dona Morte foi pra longe ou pra perto, precisava de um calmante, uma terapia e remontar e começar de novo. Eu tive a certeza depois que das cinzas nasceu uma pequena fênix no cemitério, tudo principiou com velas no lugar dos escombros, depois, o cemitério da saudade queimado ganhou novas pedras e paus, um novo labirinto de pedras riscadas, certa magoa que custava a passar de geração a geração...

Jorge Barboza

Colunista Social. Escritor. Revisor.