Não sei por que parei de
escrever cartas, na verdade, os e-mails são cartas... Não, na verdade, os meus
e-mails são grandes bilhetes. Tenho dificuldade em escrever longos bilhetes
pelo Whatsapp e não gosto de gravar mensagens de voz também pelo aplicativo...
Depois de muitas cartas,
alguns anos fora de São Paulo, minha grande amiga Nana voltou pra perto.
O Sul do país tinha seus
ares frescos, seus rigores, receitas novas, aromas novos, gostos
extraordinários, o tempo e o vento, mas não aplacava as saudades...
Sempre que penso no sul
brasileiro lembro-me de Erico Verissimo, Anita Garibaldi e Giuseppe Garibaldi.
Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilhas? Nana lia muito jornal, revistas
e livros por lá. Nana lia as fotos, as molduras, as pinturas, as árvores, as
violetas na janela, os temperos: pimenta rosa, pimenta de cheiro, pimenta
malagueta, cúrcuma, tabasco, noz moscada, gengibre, mostarda, sal marinho, sal
do Himalaia, manjericão, hortelã, cominho, alecrim, páprica doce...
As meninas sempre se alternavam com Nana na cozinha,
alternavam pois eram pequenas e cuidados domésticos eram da mamãe Nana, pois
não há em sua vida meninos perdidos, nem Sininho (agora Tinker Bell), nem
Wendy, nem João, nem Michael, nem Smee, nem James, nem Peter...
Nana sempre teve gosto pela cozinha, entre os apuros pela
casa. O tempo, depois de duas gravidezes, tiraram seus cachos substituindo-os
por ondas leves, seu corpo escultural juvenil tornou-se charmoso e forte, uma
mulher desenvolveu-se para reinar e guerrear, quando necessário por suas
ideias... Nunca vi as tantas sardas dela, Nana não tinha tempo para ferrugem de
qualquer natureza...
Para corrigir meus textos tomamos juntos chimarrão
passando a cuia, assistimos ainda bons filmes e, às vezes, experimentamos novas
receitas e velhas conversas, clássicos da literatura...
Jorge
Barboza
Colunista
Social. Escritor. Revisor.