Entre vinis de rock, pôsteres
e livros conheci certa vez uma escritora.
Quando saiu da sala de aula,
aulas de física, de Química, de Matemática, sua lógica perguntou ao canto
esquerdo do peito: é agora?
A poesia estava na
biblioteca, a prosa também, enciclopédias, dicionários, contos de fadas,
romances...
Alguns disseram: “Li Vânia e
ela está desesperada”.
Outros escreveram: “Agora
seu pássaro roxo na cabeça vai voar, voar, longe voar”.
De certo modo, Vânia teve um
nó na garganta, aquela secura na boca, um montão de sensações de medo e de
ansiedade... Começar de novo era um desafio já esquecido.
Talvez se ela tivesse sido
lançada no espaço, em um deserto, inventaria mil maneiras de passar o tempo...
Organizou-se em muitos
braços como uma mãe que deve cuidar de dez filhos, revirou as prateleiras, colocou
ordem nas biografias, arrumou as mesas e as cadeiras, pintou a porta,
redesenhou sua história e criou uma sala aconchegante de leitura.
O medo sumiu e a ansiedade
casou com a percepção ou com a expectativa.
A biblioteca ganhou nova
zeladora, uma autora que ouvia o melhor do rock, uma guardiã com duas mechas
roxas de cabelos curtos e ideias claras, criativas e inovadoras.
Às vezes se entende um som
meio rock roll, mas não se entende seus fãs...
O fã não precisa ser um exímio
estudioso nem formado. Fã é fã e ponto. A autora só voltava depois das dezoito
horas. E não era na galeria do rock...
Jorge
Barboza
Colunista
Social. Escritor. Revisor.