Será que tudo vai dar certo
ou será um prelúdio?
Revisou suas memórias como
se revira as gavetas da cômoda ou as partes do guarda-roupas, foi tirando:
velhos joguetes, fotos novas, textos gastos, palavras não usuais, números
esquecidos da agenda telefônica...
Não encontrou o que queria,
o suor corria fortemente, espontaneamente os olhos ardiam, as mão tremiam um
quase descontrole, o coração estava descompassado...
Ele começa a refletir sobre
o passado profundo, escuro e úmido. Uma tela se projetava no cérebro com nuvens
espessas, uma neblina forte, firme e intensa cercava tudo soltando cochichos,
sons inaudíveis, sons adiados, dores curtas com agulhas...
Algo menos veloz tinha sido
acionado na alma como uma alavanca de máquina caça-níqueis: esperar era saber
sua verdade.
A verdade por mais dolosa,
pois não tinha intenção de matar seu procurador, era muitas vezes uma condição
do ser detetive atrás de: informações constantes, ultrajes, notícias de
parentes longínquos, velhos amigos, novos empregos, boas namoradas, inevitáveis
cobranças, pequenos empréstimos, inevitáveis cobranças, constrangimentos,
deliciosas ajudas, prazeres fugazes, folhas caídas, flores colhidas, cheirosas
frutas, doces venenos, sábias armadilhas, terríveis promessas, descasos,
encontros, poucos ganhos, muitos gastos...
Enfim o sol surgiu na mente
do detetive, iluminando tudo e mostrando um baú anônimo.
Na mão esquerda havia uma
chave com o nome Pandora. A chama dada ao homem do mito por Prometeu se apagará
e um enjoo forte fez a cabeça do detetive doer intensamente e intencionalmente
como se algo agora pudesse fugir do controle na mente vazia.
O baú tinha seu cadeado
aberto e sua chave caiu em ponto do cérebro, desapareceu completamente,
enquanto a luz vacilava com as dúvidas sobre a verdade...
Uma chuva fina que se
insinuava a noite toda começou redobrar-lhes a consciência, foi necessário um
piscar de olhos e tudo foi deixado no lugar no labirinto íntimo, a mente está
organizada por hora. A lógica resolver os fatos apesar da verdade parecer uma
coisa conhecida pelo procurador: o detetive tinha que seguir as circunstâncias,
analisar os fatos e denunciar seu passado e seguir em frente para concluir sua
verdade antes que alguém não o redimindo o fizesse.
Jorge
Barboza
Escritor
e Colunista Social