quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Gabriela Tieta


Quando começarmos a ter problemas, achei que ele tinha um fetiche de coronel e como uma boa Gabriela estava disposta a assumir a personagem de Jorge Amado: Gabriela Cravo e Canela.
Sinceramente prefiro “Tieta do Agreste”, já treinamos o “ípsilone duplo”, este era o papel de uma vida para quebrar a rotina depois de tantas noites frias e quentes...
Como Gabriela, eu tive que aprender: “eu nasci assim, eu cresci assim e sou sempre assim, Gabriela”. Lutava pelo amor que vacilava que faltava às vezes entre nós, eu ainda lutava só pelo nosso namoro, mas o coronel não quis ir embora e cada noite ele deixava claro seu posicionamento ao dizer: “Vá se lavar que vou te usar hoje”.
O coronel acabou com nosso amor, nossos encontros, minha canela, meu cravo...
Ainda aturei um mês de dezembro inteiro como Tieta preparando sua vingança contra o povo ingrato de Santana do Agreste e Mangue Seco por conta do Natal, da família, do aniversário do coronel e do Réveillon...
Finalmente chegou o dia dos Santos Reis, hora de guardar o presépio e os enfeites natalinos, hora de acabar o namoro. O plano era simples, ligar e acabar tudo pelo telefone, o coronel era violento e eu não podia deixar ele me tocar mais...
Deixei Gabriela fugir com seu cravo e sua canela, tomei uma gostosa cerveja como Tieta e ligue para o coronel, assumi a culpa que não tinha, ouvi suas críticas, suas ofensas, ri e dei meu veredicto...
Eu era a ré, a vítima, a advogada, a promotora e a juíza. Não me traia mais:
 “Revi meu próprio percurso
Me perdi no leste
E alma renasceu
Com flores de algodão
No coração do agreste
No afã de ir e vir
Ah! Fiz de uma saudade
A felicidade pra voltar...”
... A rir
                      Jorge Barboza

Escritor e Colunista Social

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