Quando
começarmos a ter problemas, achei que ele tinha um fetiche de coronel e como
uma boa Gabriela estava disposta a assumir a personagem de Jorge Amado:
Gabriela Cravo e Canela.
Sinceramente
prefiro “Tieta do Agreste”, já treinamos o “ípsilone duplo”, este era o papel de
uma vida para quebrar a rotina depois de tantas noites frias e quentes...
Como
Gabriela, eu tive que aprender: “eu nasci assim, eu cresci assim e sou sempre
assim, Gabriela”. Lutava pelo amor que vacilava que faltava às vezes entre nós,
eu ainda lutava só pelo nosso namoro, mas o coronel não quis ir embora e cada
noite ele deixava claro seu posicionamento ao dizer: “Vá se lavar que vou te
usar hoje”.
O
coronel acabou com nosso amor, nossos encontros, minha canela, meu cravo...
Ainda
aturei um mês de dezembro inteiro como Tieta preparando sua vingança contra o
povo ingrato de Santana do Agreste e Mangue Seco por conta do Natal, da
família, do aniversário do coronel e do Réveillon...
Finalmente
chegou o dia dos Santos Reis, hora de guardar o presépio e os enfeites
natalinos, hora de acabar o namoro. O plano era simples, ligar e acabar tudo
pelo telefone, o coronel era violento e eu não podia deixar ele me tocar mais...
Deixei
Gabriela fugir com seu cravo e sua canela, tomei uma gostosa cerveja como Tieta
e ligue para o coronel, assumi a culpa que não tinha, ouvi suas críticas, suas
ofensas, ri e dei meu veredicto...
Eu
era a ré, a vítima, a advogada, a promotora e a juíza. Não me traia mais:
“Revi meu próprio percurso
Me
perdi no leste
E
alma renasceu
Com
flores de algodão
No
coração do agreste
No
afã de ir e vir
Ah!
Fiz de uma saudade
A
felicidade pra voltar...”
...
A rir
Jorge
Barboza
Escritor e Colunista
Social
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