Assim que pisou “onde acaba o mar e começa a
terra” já tinha devorado metade da tripulação como parasita que era...
Na
sua mente havia uma dúvida: onde encontrar a definitiva imortalidade?
Uelkati
devia trocar de corpo em horas, não era difícil para ele encontrar novas
vítimas, cascos idiotas, moradas impuras, seu estratagema era simples: depois
de uma noite de prazer, depois do fim do coito de seu hospedeiro virava a
próxima vitima de costas e com um pequeno rasgo invadia as carnes do novo
casulo...
Não
preciso dizer que esta criatura amaldiçoada adaptava-se facilmente à outras
mentes, outras culturas, outros idiomas, sem uso de desenhos, de manuais ou de
mímicas, sua maldição dava-lhe essa condição, sempre seguindo a regra: um dia
em cada corpo.
Foi
por isso que decidiu sair da selva americana, terra de tartarugas, em que
índios viviam enfurnados em montanhas distantes, por tradição, por lendas, por
escolhas desastrosas...
Entre
os índios, ele era conhecido como demônio velho que de tempos em tempos
arrasava aldeias. Temido por gerações até a chegada do homem branco, ingênuo e
delicioso homem de carne branca, humanos claros que levaram para longe sem
saber do que ele se tratava. Um das poucas bênçãos concedidas pelos viajantes
de alto mar aos índios da América do Norte.
Uelkati
na cidade, não entendia porque tanta roupa, mas era muito feliz. Para ele os
panos eram um lenço para cobrir a boca e o nariz, sentia náuseas, pois muitas
vezes se enojava de tanta podridão, esgoto ao ar aberto, lixo por toda parte,
poucas cores, poucos bichos, poucas plantas, muito barulho de gerigonças,
fumaça excessiva, um frio brutal e preguiça constante.
Ele
não precisava correr mais léguas com seu hospedeiro para manter sua parcial
imortalidade, precisava colher algumas moedas... Aprendeu a dura pena a evitar
os negros que eram muito castigados e explorados até o dia em que encontrou um
clérigo poderoso, mas isso é uma história de “O Vampiro e A Bruxa”...
Jorge
Barboza
Escritor
e Colunista Social
Nenhum comentário:
Postar um comentário